segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ceará arrasador goleia Vitória em pleno Barradão e segue no Campeonato do Nordeste.

Depois de perder em casa por 2 a 0 para o Vitória, no meio de semana, o Ceará tinha a indigesta missão de superar a desvantagem no Barradão, neste domingo. Mas quando a bola rolou, um Vozão frio e calculista mostrou que era possível. Arrasador, o time alvinegro aproveitou as oportunidades e goleou o Vitória por 4 a 1, em Salvador. Com o resultado, garantiu vaga nas semifinais da Copa do Nordeste para enfrentar o ASA. Fortaleza e Campinense estão na outra disputa por vaga na decisão do título. Aos rubro-negros, sobrou a decepção por ver a classificação encaminhada ser perdida em casa.

Os gols da partida foram marcados por Magno Alves, Rafael Vaz, Eric e Pingo para o Ceará, enquanto o argentino Max Biancucchi descontou para o Vitória.

Em vantagem no confronto, o Vitória entrou em campo cheio de moral e disposto a matar o confronto. O Rubro-Negro criou boas oportunidades e passou a pressionar o Vozão. Chegou até a marcar, mas o gol não valeu. Quando Renato Cajá colocou a bola no fundo das redes, a partida já estava paralisada por falta de Marcelo Nicácio no zagueiro Rafael Vaz.

Pressionado, o Ceará só chegou no ataque aos 20 minutos. E quando avançou, mostrou toda a sua eficiência. Após cobrança de escanteio, a bola sobrou para Ricardinho. O meia cruzou na cabeça de Magno Alves. O artilheiro só escorou para o fundo das redes.

Logo em seguida, o Vitória teve uma grande chance de empatar, mas Nino acertou a trave. Aos 25 minutos, o Ceará chegou de novo. Após falha da marcação baiana, Rafael Vaz escorou livre e fez o segundo do Vozão. O resultado ainda não garantia a classificação ao time alvinegro, mas a equipe rubro-negra sentiu o golpe e não teve mais reação no primeiro tempo.

Vozão define pouco depois da volta do intervalo

No segundo tempo, o Vitória começou mostrando força. Logo aos dois, Luiz Alberto acertou a trave de Fernando Henrique. Três minutos depois, o castigo. Após uma nova falha do sistema defensivo do Vitória, o lateral Eric apareceu livre de marcação para ampliar: Ceará 3 a 0.

Aos sete, o Vozão deu o golpe final. Gabriel bateu com estilo para defesa de Deola. No rebote, Pingo só teve o trabalho de empurrar para o fundo das redes do Vitória.

Com boa vantagem, o Vozão perdeu o lateral Eric, expulso aos 14 minutos, e precisou conter o ímpeto do Vitória. Em busca de três gols, o time baiano se lançou ao ataque, mas o máximo que conseguiu foi marcar uma vez. Aos 31, Maxi Biancucchi aproveitou uma sobra na área para fazer o de honra dos baianos.

No fim, o Vitória ainda criou mais oportunidades, mas não teve a competência de converter em gol. O Rubro-Negro, que precisava de mais dois, ainda reclamou de pênalti em um lance com Dinei quase no fim da partida. Na confusão, Renato Cajá e Escudero foram expulsos. O rubro-negro chegou a agredir o árbitro, empurrando a sua cabeça com a mão.

Depois do tumulto, não houve mais tempo para tentativa de reação. Restou a espera pelo apito final e a festa do Ceará no Barradão. De favorito ao título, o Vitória vai só assistir à reta final do Nordestão, enquanto o Vozão, do treinador Ricardinho, mostra que tem potencial para ser protagonista na competição regional.


Pós-jogo - Ceará

Os jogadores do Mais Querido ressaltaram a união do grupo após a vitória e mandaram um recado para a torcida, que xingou o time de 'sem vergonha', depois do jogo de ida, no Estádio Presidente Vargas.

- A maioria não acreditava. E essa minoria que somos nós, nossa família, acreditou até o final e esse é o exemplo de um time que tá começando, tá se reformulando, mas você vê o que aconteceu dentro de campo. Temos que parabenizar a todos - pontuou o atacante Magno Alves, autor do primeiro gol, que ainda em clima de comemoração tornou pública a informação de que a esposa está grávida.

O goleiro Fernando Henrique teve boas participações na partida diante do Vitória e também ressaltou o espírito de grupo, fundamental para superar as críticas de torcedores no jogo que antecedeu a classificação em Salvador.

- A gente sabe que eles (torcedores) são apaixonados. Um pequeno deslize nosso lá e a gente saiu xingado. Nós e nossa família também gostamos do Ceará. Temos que plantar hoje um elo de união entre a equipe e a torcida. E vamos manter os pés no chão, além de agradecer ao Senhor e trabalhar - finalizou FH.

Pós-jogo - Vitória

Já no Vitória, várias eram as justificativas para a derrota contra o Ceará e consequente eliminação do Campeonato do Nordeste.

O zagueiro Gabriel Paulista cobrou punição ao árbitro:

- A gente teve nossos erros também, claro. Mas o juiz erra. Não deu um pênalti para a gente, que poderia ter sido decisivo. E ainda tem a cara de pau de sair rindo da partida. O jogador, quando erra, é punido. Quero ver se o árbitro vai ser punido também, como o jogador é – disse o zagueiro.

O goleiro Deola também criticou o árbitro, mas admitiu que o Vitória jogou mal diante do Vozão.

- É complicado você, num jogo como esse, ter que admitir que o time foi mal. Houve uma desconcentração, e a gente acabou tomando vários gols, que não tinham condições. A gente não podia ter tomado e acabou tomando. Depois o árbitro, não contente, quis tomar conta do jogo. Absurdo as coisas que ele fez. O primeiro jogo, lá em Fortaleza, teve uma arbitragem excelente, um árbitro capacitado. Hoje ele conseguiu roubar a cena. Dois pênaltis que tinha que ter dado. A gente acabou perdendo dois jogadores e ainda o técnico – disse Deola.

O goleiro lamentou a eliminação, mas destacou a luta dos jogadores para correr atrás da desvantagem e tentar mudar o rumo do clube na competição.

- A culpa não é totalmente do árbitro. Foram momentos mínimos de desatenção em alguns lances, e acabamos tomando os gols. É complicado sair de campo eliminado em um jogo em que a gente lutou. Pelas circunstâncias, o desespero de fazer gols, as coisas acabaram não saindo – disse.

Já o atacante Marquinhos criticou o sistema de marcação do Vitória e a falta de pontaria dos homens de frente. O jogador destacou que não é justo atribuir a culpa da eliminação à arbitragem.

- O grupo todo é culpado. Não tem um culpado só. Se fosse um só, jogaria sozinho. Temos que reconhecer nossos erros. Nossa marcação deixou a desejar. Não podemos tomar gol de bola parada, principalmente no início do jogo. Não podemos ficar dizendo que é culpa do juiz. Tivemos oportunidades e não foram aproveitadas. Isso é o futebol. Agora é lamentar – disse.

Caio Júnior, treinador do Vitória, acredita que foi prejudicado pela arbitragem mas ressalta força do Ceará:

- Fizemos o nosso melhor primeiro tempo desde que estou aqui. Pela primeira vez, eu estava com a equipe que imaginei. Achei que a equipe estava coordenada e equilibrada. Acho que o lance capital da partida foi o gol do Cajá que a arbitragem anulou. Foi um absurdo ele dar falta do Nicácio. Eu assisti ao lance no vestiário e achei um absurdo. Dentro da normalidade, aquele gol faria uma diferença enorme. Depois aconteceram dois escanteios e tomamos dois gols. E quando a equipe falha, eu tenho que assumir. No segundo lance, o número 4 [Rafael Vaz] estava sozinho. Isso é inadmissível. Mas isso desestabilizou o time e deu moral ao Ceará. Mesmo assim, tivemos o lance do Nino que era para deixar 1 a 1 logo depois do gol deles, e outras oportunidades. No segundo tempo, tivemos a chance do Luís Alberto, que até achou que fez o gol e comemorou. Só que não era o dia do Vitória. Falhamos. Foi uma tarde desastrosa, tanto pelo fato de tomar quatro gols, quanto pela atuação da arbitragem – disse.

Caio Júnior parabenizou o treinador rival pelo triunfo, lamentou as falhas, mas disse que é preciso reconhecer o que tem ocorrido de bom.

- Queria parabenizar o Ricardinho pela estratégia. Eles tiveram mérito. Apesar de que nós tivemos uma quantidade enorme de chances. Agora é absorver e trabalhar para o Campeonato Brasileiro. Falhamos muito e, em um mata-mata, não se pode falhar. Mas temos que lembrar que tem muita coisa boa acontecendo. Agora temos que trabalhar o emocional. Para lutar pelos 10 primeiros lugares no Brasileiro, teremos que ter o nível alto. Vamos dar a resposta. Somos profissionais e corretos – disse o treinador.

Árbitro relata agressões na Súmula

Além da queda, o Vitória também pode sofrer um coice. Eliminado da Copa do Nordeste no último domingo após ser goleado em casa pelo Ceará, o Rubro-Negro corre o risco de ter jogadores e até mesmo o técnico Caio Junior punidos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Nesta segunda-feira, a súmula do confronto foi divulgada no site Confederação Brasileira de Futebol (CBF). No documento, o árbitro pernambucano Gilberto Rodrigues Castro Junior relata que foi agredido fisicamente pelo meia Renato Cajá, além de ofendido pelo argentino Escudero e pelo treinador da equipe baiana.

- Expulsei de campo, pelo cartão vermelho direto, aos 46 minutos da segunda etapa da partida, o Sr. Renato A. J. Morais [Renato Cajá], número 10 da equipe do Vitória, por empurrar o árbitro da partida após discordar da marcação da arbitragem. Informo ainda que o atleta supracitado desferiu um tapa no rosto do árbitro em questão, tendo que ser contido pelos companheiros de equipe – diz a súmula escrita por Gilberto Rodrigues Castro Junior.

De acordo com Rodrigo Martins Cintra, ex-árbitro e comentarista da TV Bahia, a agressão fica comprovada nas imagens da transmissão da partida, o que deve prejudicar a defesa do atleta em um julgamento no STJD.

- Tudo que o árbitro relatou na súmula ocorreu na visão dele. Pelas imagens, dá para ver que o Renato Cajá atinge o rosto do árbitro com o dedo. Isso está comprovado. Essa conduta pode agravar a pena do atleta, que já está suspenso pelo cartão vermelho. Ele corre o risco de ficar fora dos jogos do Campeonato Baiano e talvez do início do Campeonato Brasileiro – disse Cintra.

O comentarista lembrou que em 2011, o atacante Rildo, que na época também defendia o Vitória, também tentou agredir o árbitro. O jogador foi denunciado nos artigos 254 (agressão física a árbitro) e 258 (atitudes contrárias à disciplina ou à ética desportiva) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. A pena máxima era de até 180 dias e doze partidas de suspensão. No entanto, a comissão disciplinar do STJD reduziu a punição para 90 dias e mais uma partida de gancho.

Escudero e Caio Júnior

Na súmula, o árbitro Gilberto Rodrigues Castro Junior afirma que mostrou o cartão vermelho para Escudero por conta do comportamento do jogador. No documento, o árbitro diz que o meia rubro-negro reclamou acintosamente da expulsão de Renato Cajá e tratou as decisões da arbitragem com ironia.

- Expulsei do campo de jogo, pelo segundo cartão amarelo, aos 47 minutos da segunda etapa, o Sr. Damian A. Escudero, número 11 da equipe do Vitória, por reclamar de forma acintosa e empregando gestos contra as decisões da arbitragem – relatou Gilberto Rodrigues Castro Junior.

Para Cintra, a expulsão de Escudero ocorreu por conta da falta de experiência do árbitro, que tem 32 anos e apitou cinco partidas este ano.

- É um árbitro jovem e talentoso, mas que não soube controlar o emocional no momento em que expulsou o Escudero. O jogador tratou ele de forma irônica e ele não soube contornar a situação. Por conta disso, o Vitória colocou todo o peso de uma derrota de 4 a 1 nas costas da arbitragem. Mas é necessário dizer que a expulsão do Escudero não mudou em nada o placar – analisou.

Gilberto Rodrigues Castro Junior relata ainda na súmula que foi ofendido verbalmente por Caio Júnior. No texto, o árbitro diz que o treinador foi grosseiro e também reclamou de forma acintosa.

- Expulsei de campo de jogo e suas imediações, aos 48 minutos da segunda etapa, o Sr. Luis Carlos Saroli [Caio Júnior], treinador da equipe do Vitória, por reclamar de forma grosseira e acintosa, como também, ofender o árbitro da partida, proferindo as seguintes palavras: ‘Gilberto, você é um cagão, você um ladrão, nunca mais você apita aqui – diz o documento.

Barradão sob risco

Se levado à julgamento no STJD, Caio Júnior pode ser enquadrado no artigo 243-F do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em "ofender alguém em sua honra por fato relacionado diretamente ao desporto", que tem multa prevista entre R$ 100 e R$ 100 mil, além de um gancho de até seis jogos.

Além de abordar as agressões dos jogadores e do técnico rubro-negro, o árbitro Gilberto Rodrigues Castro Junior também relatou na súmula a confusão ocorrida após o apito final da partida entre Vitória e Ceará. Segundo o árbitro, membros da comissão técnica do time baiano partiram para cima do trio de arbitragem, que precisou acionar o policiamento do estádio.

- Informo ainda que, após o termino da partida, a equipe de arbitragem teve que ser amparada pela força policial, pois inúmeras pessoas com o uniforme do Vitória tiveram acesso às imediações do campo de jogo, proferindo ofensas contra a arbitragem – afirmou Gilberto Rodrigues Castro Junior na súmula do jogo.

Segundo Rodrigo Martins Cintra, as declarações do árbitro podem prejudicar o Vitória economicamente e até no campo desportivo.

- Isso pode render uma multa ao Vitória, que também corre o risco de perder mandos de campo. Tudo depende do STJD – concluiu o comentarista de arbitragem.

Fonte: Guerreiros Alvinegros e Globoesporte.com.









Nenhum comentário:

Postar um comentário